D'Urso & Borges Advogados Associados

Trabalhos

06/02/2022

Dr. Flávio Filizzola D’Urso é entrevistado pelo site amoDireito e faz o alerta de que os “golpes virtuais se multiplicam e este é apenas o começo”

O Dr. Flávio Filizzola D’Urso concedeu entrevista ao site amoDireito e fez importantes alertas sobre os atuais golpes virtuais.

Veja, abaixo, a íntegra da entrevista publicada em 03 de fevereiro:

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Golpes virtuais se multiplicam e este é apenas o começo, afirma especialista

“Golpes virtuais se multiplicam e este é apenas o começo”. Assim afirma o Dr. Flávio Filizzola D’Urso (@flaviodurso), advogado criminalista e apresentador do amoDireito Convida Podcast, que atua em casos e questões envolvendo crimes cibernéticos, e utiliza as redes socias para informar e alertar as pessoas dos riscos da internet.

Em entrevista ao site amoDireito, o advogado, que também é Mestrando em Direito Penal na USP, foi Conselheiro da OAB/SP e integrou o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, expôs a sua preocupação e a constante luta, seja de forma preventiva ou de forma repressiva, a este fenômeno da multiplicação dos golpes virtuais.

O que justifica esta proliferação de golpes virtuais nos últimos tempos?

Dr. Flávio D’Urso – É inegável a revolução que o mundo viveu, em razão das limitações de locomoção das pessoas para se diminuir o contágio pelo Covid-19. Isto gerou maior utilização da internet para solucionar as necessidades básicas do dia a dia, abrindo, assim, uma brecha para o aumento da incidência destes crimes, acelerando o crescimento dos índices deste tipo de delito.

Por que as pessoas são vítimas de golpes virtuais?

Dr. Flávio D’Urso – Os golpes virtuais passaram a ser mais elaborados. Os criminosos, especialmente em razão do vazamento de informações pessoais, possuem uma grande quantidade de dados das pessoas e, utilizando-se de engenharia social, conseguem que o golpe seja muito mais efetivo do que modalidades anteriores, como os famosos “phishings”. Hoje, além dos golpes que atingem vítimas indefinidas e indistintas, temos os golpes “sob medida”, que são elaborados para atingir uma vítima específica.

O vazamento de dados, então, contribui para que esses crimes virtuais obtenham êxito?

Dr. Flávio D’Urso – Sem dúvida. Veja por exemplo o conhecido golpe do WhatsApp, no qual o golpista coloca a foto de terceiro, passando-se por ele, atribuindo esta identidade a um certo número de telefone. Neste golpe específico, quando a mensagem pedindo dinheiro é realizada, tal solicitação já é direcionada a parentes e amigos, com a mensagem que se inicia com a identificação “Oi pai”, “oi mãe”, o que prova o fato dos golpistas possuírem a informação do parentesco, além de outros dados pessoais das vítimas.

E como se precaver para não se tornar mais uma vítima destes golpes?

Dr. Flávio D’Urso – Como tudo na internet, os golpes também são extremamente dinâmicos e mudam rapidamente, sendo sempre aperfeiçoados pelos criminosos, então, a melhor forma para se precaver é através da informação, alertando as pessoas e despertando uma desconfiança para se evitar enormes prejuízos. É esse o trabalho que tenho feito nas redes sociais, buscando sempre informar sobre as últimas versões dos golpes e penso que este trabalho realmente vem surtindo efeitos, pois recebo, com frequência, mensagens de pessoas relatando que não caíram no golpe em razão do alerta que fizemos, o que me deixa extremamente satisfeito.

Se a informação é a melhor prevenção, vamos alertar nossos leitores. Qual é o golpe mais comum no momento?

Dr. Flávio D’Urso – Além do já conhecido golpe do WhatsApp, o golpe que tem sido mais comum atualmente é o da invasão das redes sociais e realização falsa de venda de produtos. Neste golpe, os criminosos além de invadirem as redes sociais da vítima, publicam imagens de eletrônicos e outros bens para venda, a preços extremamente baixos, justificando, por exemplo, que são de propriedade de amigos que estão se mudando. Esse golpe busca fazer novas vítimas dentre os amigos daquela pessoa que teve o perfil invadido. Como essa suposta venda estaria sendo realizada pelo perfil de um parente ou um amigo, esse golpe conseguiu enganar muitas pessoas e continua a gerar prejuízos.

Além da prevenção através da informação, existem outras medidas que devem ser tomadas, buscando evitar tornar-se vítima deste golpe de invasão das redes sociais?

Dr. Flávio D’Urso – No caso específico deste golpe, os donos de perfis precisam, obrigatoriamente, ativar a autenticação em dois fatores. Por incrível que pareça, ainda há pessoas que não possuem essa ferramenta de proteção ativada. Essa providência ajuda, mas ela não é absoluta. Se possível, o melhor a se fazer é ter um aplicativo de autenticação ao invés de se utilizar a mensagem SMS. Também não se deve, jamais, passar este código para terceiros. E ainda, deve-se ter muito cuidado com os links de acesso recebidos, porque eles podem direcionar para uma página falsa de acesso. É necessário sempre ter muita cautela e duvidar quando aparecer algo muito vantajoso sendo ofertado, mesmo em perfis de conhecidos, além da importância de se atentar para o destinatário da transferência via PIX, que, no caso destes golpes, não será o nome do dono daquele perfil invadido.

E no caso da pessoa que não tomou os devidos cuidados e foi vítima destes golpes virtuais?

Dr. Flávio D’Urso – Quando a pessoa se torna vítima destes golpes, ela deve informar a autoridade policial e fazer um Boletim de Ocorrência – BO. Também é importante, medida do possível, comunicar seus amigos e parentes para que fiquem alertas e não caiam no golpe. Já com relação à invasão do perfil na rede social, deve-se buscar recuperar a conta através das próprias ferramentas que a rede social disponibilizar e, se isto não for possível, há que se buscar auxílio de um advogado para demandas extrajudiciais e até processos judiciais essas redes sociais.

As redes sociais e apps de mensagens possuem alguma responsabilidade com relação a estes golpes que são efetivados através deles?

Dr. Flávio D’Urso – O tema é extremamente novo, mas tem havido decisões que buscam indenizar o usuário. Isso já ocorreu tanto no caso do golpe do WhatsApp, que a Justiça condenou a Meta, dona do WhatsApp, a indenizar uma usuária que caiu no golpe, como também nas invasões de perfis nas redes sociais, especialmente pela demora ou falta de auxílio por parte destas plataformas.

Há esperança de que essa situação melhore e os golpes diminuam?

Dr. Flávio D’Urso – Infelizmente, apesar das inúmeras novas leis que prevêem penas mais severas para crimes cometidos na internet, inclusive com a tipificação no Código Penal Brasileiro do crime de Fraude Eletrônica, o cenário que se apresenta é de um aumento significativo destes cibercrimes. Seja através de golpes, seja através de invasões a sistemas de empresas e entidades, com a realização da criptografia das informações e solicitação de resgate para o retorno do acesso às informações criptografadas pelos criminosos. Não se pode esquecer dos golpes que visam as criptomoedas, mas este é um assunto longo para outra entrevista. Enfim, na parte do usuário comum, a educação digital e a desconfiança são importantes aliados nesta luta, enquanto nas empresas e entidades, somente o investimento, seja em tecnologia, seja em material humano, poderão contribuir para um futuro virtual mais seguro.

 

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Entrevista disponível em: https://www.amodireito.com.br/2022/02/golpes-virtuais-multiplicam-apenas-comeco.html

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